1.º de MAIO – Dia do Trabalhador

Rasgaram as mãos escrevendo nos campos

Adormeceram a alma no rugido das fábricas

Toupeiras cegas escavando em pranto

Alimento para vampiros sedentos e desumanos.

Porém, a um grito tudo parou

Aguentando a fúria dos algozes,

Gritando bem alto a sua dor.

Nem pancadas nem grades nem morte

Silenciam as vozes de um povo sem sorte.

Abraçaram o mundo unidos num corpo só,

Calando a um tempo com murmúrio bem forte,

O rugido das fábricas que adormece as almas…

O ronco profundo da terra desventrada…

O gemido dos arados que os campos riscam!…

Pancadas, prisões destruição e morte

Ergue ainda mais alto o grito da revolta

Daqueles que labutam numa vida ausente.

Em breve clareia o sol nos campos primaveris

Iluminando o sorriso da criança

Que pintou com cores de sonho e triunfo o dia em que tudo parou

O dia em que unidos num só laço imenso,

Gritavam vivas ao 1.º de Maio!

 

Mário Ferreira